domingo, 28 de janeiro de 2024

Soneto da Morte do Amor


O coração virou meu carcereiro

A alegria cedeu lugar à dor

Um estranho virou o companheiro

O mundo virou um lugar sem cor

 

Nossos corações sangram mas não batem

O nosso tempo os anos já não contam

Palavras de amor ao vento se abatem

Singularidades se desencontram

 

Entre nós nos tornamos estrangeiros

O que fomos, o que fui, o que era

Códigos e línguas particulares

 

Nos velamos em vida passageiros

Porque terminou como não se espera

Um amor fenecido entre ex-pares

 

Débora Aligieri

 

Mote do soneto: Na separação, velamos uma pessoa viva e um amor morto.

 

 Tela de Laura Salgado, originalmente em vermelho, fotografado em preto e branco