sexta-feira, 4 de março de 2011

Parasitas

No meio duma banca, vista por palhaços
Onde normalmente se mostra um monumento
Uma mulher que apóia o aborto sem percalços
Alvo de praticantes com conhecimento
.
Preferem carne de mulheres os devassos
Nas capas abertas sem qualquer sentimento
Folheadas as partes sem notar os braços
Conquistas feministas no esquecimento
.
A mulher vestida com bem mais de dois panos
É ignorada em suas trevas por ter luz
Sendo César entre brasileiros romanos
.
Em círculos ditos jornalísticos, crus
Por homens que andam pelos governos há anos
Exibindo, explorando os muitos corpos nus
.
Débora Aligieri
poema publicado na Revista Autor de Março


Samba, 1925, Di Cavalcanti

2 comentários:

  1. Minha querida amiga e poeta Débora! Lindo o poema, que sensibilidade. Bj no coração!

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  2. Obrigada, Erasmo querido! Desde 2011 coloco esse texto pra circular no dia da mulher. Hoje quase me esqueci de fazer isso. Mas enquanto não houver democratização real da mídia no Brasil, serei lembrada. Beijos.

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