domingo, 30 de agosto de 2009

A Mulher Laranja



O sol levanta laranja madura
Todo dia novo dia desfruta
Luzindo a casca renovada a fruta
Sai fresca do pé não há rachadura

Todo dia produção linha dura
Já parte ao meio divisão abrupta
Antes do suco descasca a labuta
Espreme a cabeça o corpo sutura

Trabalho de cor, de sumo e de gosto
Laranja bebida `a toda prova
Doce a superfície e amarga ao fundo

Sumo sugado cansaço no rosto
Doce suco ingerido pelo mundo
Bagaço ao final descarte sem trova


Débora Aligieri


Características da linguagem barroca, ou como foi elaborado o poema: A arte barroca surgiu em Portugal por volta de 1580, num contexto de autoritarismo político, de expansão comercial e econômica, de luta de classes e de crise espiritual. Representando as contradições vividas pelo homem, do ponto de vista do estilo a linguagem barroca é representada pelo cultismo e pelo conceptismo. O cultismo é o rebuscamento formal, caracterizado pelo jogo de palavras e pelo excessivo emprego de figuras de linguagem. Também conhecido como gongorismo, em razão da influência do estilo do poeta espanhol Luís de Gôngora, o cultismo consiste na exploração de efeitos sensoriais, tais como cor, tom, forma, volume, sonoridade, imagens violentas e fantasiosas (Fonte: Cereja,William Roberto; Panorama da literatura portuguesa, 2o grau; William Roberto Cereja, Thereza Analia Cochar Magalhães; 2a ed. rev. e ampl.; São Paulo; Atual; 1997; pág. 65/66). "A mulher laranja" é um soneto decassílabo (dez silabas poéticas), com esquema de rimas abba/abba/cde/ced, que utiliza o cultismo, com enfoque na metáfora.
Poema publicado na Revista Autor de Agosto
Imagem: Blog Pro Labore

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