

—————————-
Dizia ele:
“O Airtrain passou pela minha janela agora, fazendo a vidraça trepidar levemente, num frêmito. Aquela mancha súbita, incômoda, era pior ainda à noite, quando a luz do letreiro da boate em frente tremeluzia, trôpego, me assustando como um fantasma fugidio.
Bobagem ainda acreditar em fantasmas a esta altura da vida, mas, fazer o que? Sou do tempo do crack tecnológico de 2098, a época em que o mundo parou por quase 3 anos, travado pela crise provocada pelo esgotamento súbito das reservas de biocombustíveis, que culminou com a desertificação parcial das terras do sul do planeta, levadas a beira da esterilidade total pela monocultura energética, e pelos efeitos catastróficos da Grande Enchente, no Norte. Evento há muito tempo esperado, como resultado irremediável do aquecimento global, esta inundação catastrófica só ocorreu mesmo, subitamente, no ano novo de 2095..."
Continue lendo em Spirito Santo