sexta-feira, 31 de maio de 2024

A manhã é sim

Numa noite etílica

Ele chegou chamando meu corpo

Quero sua bucetinha, eu sentia

As palavras que calavam

Mas pulsavam em sua mãos

Nas minhas pernas em apoio

Você é interessante, ele disse

Meu sexo sibilava

Minha vulva o envolvia, eu pensava

E beijava sua boca no breu

E o desejava dentro de mim

Apesar de demasiado desejo

Mesmo cachorra chorando de tesão

Pra provocar retruquei "Hoje não!"

 

Rosalina Marcondes

 

 

Poema para ser lido em voz alta para ouvir os sussurros das palavras como beijos fonéticos

domingo, 28 de janeiro de 2024

Soneto da Morte do Amor


O coração virou meu carcereiro

A alegria cedeu lugar à dor

Um estranho virou o companheiro

O mundo virou um lugar sem cor

 

Nossos corações sangram mas não batem

O nosso tempo os anos já não contam

Palavras de amor ao vento se abatem

Singularidades se desencontram

 

Entre nós nos tornamos estrangeiros

O que fomos, o que fui, o que era

Códigos e línguas particulares

 

Nos velamos em vida passageiros

Porque terminou como não se espera

Um amor fenecido entre ex-pares

 

Débora Aligieri

 

Mote do soneto: Na separação, velamos uma pessoa viva e um amor morto.

 

 Tela de Laura Salgado, originalmente em vermelho, fotografado em preto e branco