segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Racismo nos círculos literários

Rio de Janeiro - Seis escritores brasileiros dedicados à literatura infantojuvenil manifestaram em nota seu desagrado e desacordo ao veto do Conselho Nacional de Educação (CNE) ao livro Caçadas de Pedrinho, de Monteiro Lobato. A nota é assinada pelos escritores Ana Maria Machado, Ruth Rocha, Ziraldo, Lygia Bojunga, Pedro Bandeira e Bartolomeu Campos de Queirós. Os autores afirmam que “a maravilhosa obra de Monteiro Lobato faz parte do patrimônio cultural de todos nós – crianças, adultos, alunos, professores – brasileiros de todos os credos e raças”.
Também a Academia Brasileira de Letras (ABL) se posicionou contrária à tentativa de censura ao livro Caçadas de Pedrinho. Os acadêmicos manifestaram repúdio “contra qualquer forma de veto ou censura à criação artística” e apoiaram o ministro da Educação, Fernando Haddad, que foi contrário à determinação do CNE. Para os acadêmicos, é necessário aos professores e formuladores de política educacional ler a obra infantil de Lobato e se familiarizar com ela. “Então saberiam que esses livros são motivo de orgulho para uma cultura, e que muitos poucos personagens de livros infantis pelo mundo afora são dotados da irreverência de Emília e de sua independência de pensamento”.


Muito interessante a Academia Brasileira de Letras, que só depois de 80 anos de sua criação, em 1897, admitiu em seus quadros uma mulher - Rachel de Queiroz em 1977, e que não demonstrou nenhum esforço democrático na composição de seus quadros, primordialmente formados por brancos, falar em censura. Qual negro foi notável na ABL além de Machado de Assis e de Castro Alves? Defender o esclarecimento acerca da obra de Monteiro Lobato, retrato da sociedade escravocrata de sua época, é legítimo. Defender o direito de ser racista é crime.

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