sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

Jornal do Apocalipse no Jornal da Praça Benedito Calixto, edição n. 59

Começa o fim do mundo hoje, daqui a 50 metros, daqui a 50 desocupações a base de spray de pimenta, o símbolo da democracia brasileira. Já que não há programa governamental de habitação (e nem de nada que signifique solução dos problemas brasileiros que não envolva grandes somas de dinheiro no bolso gordo dos congressistas), policiais covardes representantes de um Estado covarde, corrupto e ineficaz, jogam spray de pimenta na cara de mulheres e crianças, assim como jogam seus pertences no Rio Tietê, assim como o governo joga na nossa cara a mentira deslavada das vantagens de acordos no setor energético entre Brasil e Bolívia, em favor da monocultura da cana para produção de etanol, enquanto trabalhadores escravos cortam 1 tonelada de cana por R$2,50, e literalmente morrem de cansaço. Vantagem para quem? Com paciência tudo se resolve, afirma nosso suserano. Claro, paciência e óleo de peroba para afirmar que tudo vai bem, para afirmar que não haverá pacote econômico substitutivo à CPMF, e menos de quinze dias depois anunciar o aumento do IOF e da CSLL para compensar as perdas com o fim da CPMF, para afirmar que não há surto de febre amarela quando pessoas morrem de febre amarela, que estava erradicada desde 1942. Deve ser por isso que colocarão o nobre lobinho (nobre, no dicionário parlamentar, significa suspeito - porque nunca serão condenados - de fraude em licitações de compra de emissoras de rádio e televisão, e dono de empresas em nome de laranjas) no Senado, substituindo o pai que vai para o Ministério das Minas e Energia, para agradar o PMDB (maior bancada no Congresso Nacional), e conseguir aprovar os projetos no Senado este ano, já que perderam lá a CPMF, a galinha dos ovos de ouro (na verdade a galinha somos nós, trabalhadores do feudo). Inocência é pensar que isso significa a abertura oficial da sessão de negociações parlamentares, porque o comércio lá nunca pára, é 24 horas, non stop. Não é como o esquema de segurança do MASP que permite o furto, já aviltante por signicar que ningém viu quem foi, de obras de arte de Portinari e Picasso, patrimônio cultural popular, enquanto seus administradores jantam no Fasano. O furto foi uma eventualidade, eles são inocentes, assim como os envolvidos no mensalão são todos inocentes, ninguém sabia que o dinheiro vinha do Marcos Valério. Acho até que esses deputados são inocentes demais para ocuparem o cargo de legisladores, já que não sabem de onde vem o dinheiro que comprou o carrão da esposa, como podem pretender entender os problemas do país, se não conseguem ver que o fim do mundo começa hoje, daqui a 50 metros, daqui a 50 cassações de mandatos de deputados por infidelidade partidária (Severino, a múmia latifundiária, pode voltar)...

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