domingo, 9 de novembro de 2008

A lei não protege, fere

Começa o fim do mundo hoje, daqui a 50 metros, daqui a 50 balzaquianas desempregadas após a vigência da nova lei que amplia a licença maternidade para 6 meses, a pedido da gestante. Certamente o filho, que ganha a companhia da mãe por mais 2 meses, será beneficiado, mas a mãe, já é prejudicada desde a entrevista de admissão. Tenho 30 anos, sou casada, e a terceira pergunta sempre é acerca de filhos. Mulheres casadas e sem filhos viraram uma ameaça. Se ainda não existem muitas mulheres ocupando cargos de chefia dentro de empresas, com essa lei haverá menos ainda. Sem contar a dificuldade criada ao exercício do direito, pois a licença deve ser requerida pela própria gestante, no prazo de até um mês após o nascimento da criança, quando a mulher não dorme nem de dia nem de noite porque está amamentando um recém-nascido, e provavelmente cansada demais para pensar em qualquer outra coisa que não seja sua cria. Portanto, é uma lei covarde e inviável, ao contrário dos para-atletas brasileiros que trouxeram mais medalhas das olimpíadas de Pequim que os atletas não portadores de deficiências (logicamente as deficiências financeiras por falta de investimento do governo, em todas as esferas, não conta). O homem é o produto do meio, já que a boa campanha brasileira foi resultado da escassez de ruas, calçadas e vias de acesso público adaptadas aos portadores de deficiência no Brasil. Ainda é capaz de algum político se vangloriar de sua inoperância por este resultado, assim como Celso Russomanno, segundo deputado federal mais votado em 2006, denunciado pelo Ministério Público por usar verba pública (nossa) para pagar uma funcionária particular (dele), continua usando o jargão "bom para ambas as partes", que o notabilizou na solução de conflitos num programa de TV. Ambas as partes quem, cara pálida? Nesse caso, ambas as partes devem ser ele e a funcionária, porque o Maluf, coleguinha presidente de honra do mesmo partido não ficou muito satisfeito com a briga pela influência sobre os destinos do PP. Rouba mas faz, aprendeu direitinho. Seria esse o sentido do "bom para ambas as partes"? É um desperdício de tecnologia, pois, embora o processo eleitoral brasileiro proporcione a rápida apuração dos votos, não nos proporciona candidatos aptos aos votos. Só rasgando a fantasia para sobreviver a dois turnos inúteis, já que tudo continuará como está. Já na divisa dos estados de Mato Grosso e do Pará dizem que as queimadas diminuíram em 80%, graças ao treinamento da primeira brigada de bombeiros kayapós. Tá, os índios viram bombeiros e o Estado faz o que? Dança da chuva? E quem vai fiscalizar os criadores de gado e agricultores para evitar os incêndios, e punir os reponsáveis pelas queimadas? Provavelmente ninguém, pois são os próprios deputados e senadores os latifundiários que destroem o ecossistema brasileiro, e continuarão destruindo daqui a 50 metros, daqui a 50 anos, daqui a 50 empregados humilhados porque não saciaram a sede capitalista de vendas, ainda que de títulos podres...

Coluna da edição n. 67, do Jornal da Praça Benedito Calixto, por Débora Aligieri
Ph: Eduardo Barrox

Nenhum comentário:

Postar um comentário