quarta-feira, 19 de setembro de 2007

Literatura Burroughs


Um ritual de iniciação para os altos escalões da SS nazista era arrancar os olhos de um gato depois de alimentá-lo e cariciá-lo por um mês. Esse exercício foi criado para eliminar qualquer envenenador vestígio de piedade e moldar um Übermensh completo. Há um sólido postulado mágico envolvido: o praticante alcança um status super-humano ao desempenhar uma ação revoltante, atroz e subumana. No Marrocos, os homens mágicos ganham poder comendo o próprio excremento.
Mas arrancar os olhos de Ruski? Que se pague por isso sob um céu radioativo. O que um homem ganha com isso? Eu não poderia ocupar um corpo que conseguisse arrancar os olhos de Ruski. Então quem ganhou o mundo todo? Eu, não. Qualquer barganha que envolva a troca de valores qualitativos como amor por bichos pela vantagem quantitativa não é apenas desonrosa. O homem não pode estar mais errado. Isso também é tolo. Por que você nada ganha. Vendeu o seu você.
- Bem, e como um belo corpo de cabelos ruivos agarra você?
Sim, Ele sempre vai encontrar um trouxa como Fausto, para vender sua alma por um vibrador. Você quer sexo adolescente, precisa pagar por isso com medo, vergonha e confusão adolescentes. Para desfrutar de uma coisa é preciso estar lá. Você não pode chegar só para a sobremesa, querido.


O gato por dentro. William Burroughs.
Tradução: Edmundo Barreiros.
Porto Alegre, RS: L&PM, 2006.

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