sexta-feira, 31 de agosto de 2007

Antes tarde do que nunca

BRASÍLIA - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva lançou nesta quarta-feira o livro-relatório "Direito à Memória e à Verdade", com o resultado oficial de pesquisas sobre a repressão a adversários políticos da ditadura militar entre 1964 e 1985. Primeiro documento oficial sobre o caso, o livro narra casos de tortura, morte e desaparecimento de presos.
Parentes de desaparecidos criticam o governo por não ter promovido, nesse período, a localização dos corpos, tema que ainda é considerado tabu em meios militares. Oficialmente, os comandos das Forças Armadas negam a existência de arquivos com essas informações.
Em 1996, quando era ministro da Justiça no governo Fernando Henrique Cardoso, Nelson Jobim, atualmente ministro da Defesa, iniciou o processo de reconhecimento da responsabilidade do Estado pelas mortes na repressão política. Em seu discurso nesta quarta, ele ressaltou o caráter de "conciliação" da anistia e do reconhecimento de indenização das chamadas "vítimas da ditadura".
O ministro Paulo Vanuchi, chefe da Secretaria Especial de Direitos Humanos, também negou que a publicação tenha o objetivo de promover um acerto de contas com os militares. Um dos irmãos do ministro (Alexandre Vannuchi Leme, líder estudantil e militante do grupo ALN) foi preso no campus da USP em 1973 e dado pelos militares como "morto em atropelamento".
"Este não é um ato de alegria, um ato de festejar. O conteúdo do relatório trata de uma guerra em que não houve vencedor, uma guerra em que todo o Brasil perdeu", disse Vannuchi.

Fonte: Estadão
Foto: Eduardo Barrox

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